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25/7/2016
AUTOR DE 10 LIVROS, NALINI FALA SOBRE SUA PAIXÃO PELA ESCRITA
Acadêmico: José Renato Nalini
Acadêmico e Secretário de Educação pelo Estado de São Paulo, José Renato Nalini fala, no dia do escritor, sobre a paixão pela escrita.

Nenhum escritor nasce pronto. Mas qual é o segredo para escrever histórias? Como e quando começar esse exercício que remonta nossa criação e oferece tantos benefícios ao aprendizado da mente humana? Para o Secretário da Educação, Renato Nalini, que já escreveu dez livros e é integrante da Academia Paulista de Educação e Academia Brasileira de Educação, não há exame científico que possa ser feito que tenha a consistência e a profundidade do ato de escrever. Para ele, escrever é um exercício apaixonante e pode ser feito a qualquer tempo, em qualquer idade, por todos nós.
“Quando escrevemos estamos mostrando a nossa alma, o nosso DNA”, diz o secretário José Renato Nalini, ao falar sobre a sua experiência como escritor neste Dia Nacional do Escritor.

Confira a entrevista na íntegra e comece a escrever a sua história!

Intranet: Qual a importância da escrita?
Secretário Nalini: Ao escrever, nós estamos nos mostrando por inteiro, ainda que tenhamos um percurso a seguir, que tenhamos planejado um roteiro. Quando você percebe, a imaginação toma conta da sua missão e, a partir daí, você se redescobre, encontra facetas que ignorava ou não tinha consciência que possuía tamanha capacidade de percepção e aptidão para se exprimir. É como se você fosse buscar no recôndito da sua consciência, impressões que talvez não conseguisse verbalizar, mas a escrita, pelo menos a minha experiência pessoal, ela tem uma autonomia em relação a verbalização. Ao articular as palavras, você passa por um processo de filtro, enquanto que a escrita vem espontaneamente. Para mim, que sou muito rápido na digitação porque desde criança aprendi datilografia, penso muito mais rápido escrevendo do que falando.
Intranet: O que é preciso para ser escritor?
Secretário Nalini: Quem não se conhece, não consegue manter relações duradouras ou agradáveis com o próximo porque não sabe exatamente aquilo que lhe agrada ou desagrada. O primeiro passo é conhecer-se, e quem escreve chega muito mais rápido a esse aprendizado de saber quem você é. É um exercício que lembra muito o pensamento socrático: ‘Conhece-te a ti mesmo’. Sócrates teria tomado a inscrição da entrada do templo de Delfos como inspiração para construir sua filosofia, que é o de conhecer a si mesmo. Esse é o primeiro passo para que nós consigamos adquirir o equilíbrio. Primeiro você precisa se conhecer, saber exatamente quais são os seus talentos, quais são os seus pontos fracos, para que se conhecendo bem, possa abrir a porta para conhecer o outro.
Intranet: Qual a mensagem que o escritor pretende passar ao leitor?
Secretário Nalini: A escrita permite que você transmita emoções, sensações que não conseguiria exprimir ao falar. A escrita também pressupõe leitura, embora nós escrevamos para nós mesmos. Na verdade, todo escritor não tem em mente o leitor, ele escreve narrando aquilo que vai no seu íntimo. Com isso, você, sem perceber, consegue com que muitas pessoas que leem aquilo que escreveu se identifique. É muito gostoso quando encontro alguém que leu o que escrevi e tem uma opinião a respeito.
Intranet: Qual a sensação de ver alguém falando a respeito de algo que você escreveu?
Secretário Nalini: É uma multiplicação de sensações, de percepções e de emoções que desvendam no seu íntimo, mas também há um feedback que mostra aquilo que você está pensando, outras pessoas experimentam ou experimentaram. É muito gostoso você reler aquilo que escreveu, depois de certo tempo, e reviver momentos em que vivenciava experiências que poderiam ser agradáveis ou tristes, mas de qualquer forma fazem parte da sua história, da sua vida.
Intranet: Como começar a escrever e publicar?
Secretário Nalini: Todos podem escrever e publicar. Nunca foi tão fácil publicar um livro. Qualquer pessoa tem condições, até de forma artesanal, muito pouco dispendiosa, publicar o seu livro. Estamos no momento de proliferação da produção literária. O que mostra que as pessoas estão pensando bastante, e querendo transmitir e partilhar suas sensações, suas emoções e experiências. Isso anima qualquer criança ou adulto a ingressar nesse mundo mágico da escrita e, principalmente, da leitura.
Eu acho que o mundo está oferecendo a leitura por meio das tecnologias, da comunicação e informação, muito acessíveis. Só a universidade de São Paulo disponibilizou 40 mil títulos de livros que já estão em domínio público, um acervo muito superior ao que podemos ler em toda a nossa existência.
Intranet: Como estimular o jovem à leitura?
Secretário Nalini: Os pais têm um papel muito grande. Em casas onde os pais leem, a criança se inclinará naturalmente à leitura. Todos nós temos a obrigação de fazer com que haja interesse pelo livro, e não precisa começar por livro, pode começar por histórias em quadrinhos. Eu vejo, por exemplo, o benefício que o Maurício de Souza faz com a sua Turma da Mônica, incentivando a criança a penetrar em assuntos tão sérios como a ecologia, a segurança no trânsito, os problemas de saúde, através de relatos lúdicos, coloridos e atraentes. Isso faz com que o leitor daquilo que nós chamávamos antigamente de gibis, passe a ser, posteriormente, um leitor de outra literatura, e seja despertado para a literatura profunda.
Intranet: Qual a mensagem para quem quer se tornar um escritor?
Secretário Nalini: Escrever é um exercício que faz você crescer, faz com que não necessite de terapias porque é uma autoterapia, gratuita e eficiente. Costumo brincar dizendo que não existe livro de autoajuda, qualquer leitura é válida e ela tende a ser uma ajuda para você se conhecer melhor e conhecer melhor o mundo. Se um livro não traz a você nenhum acréscimo, ele, pelo menos, vale como treino para que consiga desenvoltura nessa arte que ainda precisa de muito estímulo. É desalentador verificar que até universitários têm dificuldades na pontuação, na pronúncia, na interpretação e expressão.
Sempre tive a noção exata de que ao ler, você está penetrando em mentes que nunca conheceria pessoalmente, mas que você partilha com elas dos momentos que as levaram a deixar suas impressões, suas constatações, imortalizadas numa página. Depois, a leitura é aquilo que permite a você viajar, conhecer culturas, as quais você não tem interesse especial em conhecer in loco, mas que você vai conhecer por meio da leitura, enriquecer sua mente, amealhar conhecimento. A nossa vocação é saber um pouco mais a cada dia. O dia em que você não aprende nada, é um dia perdido. A leitura ainda é o melhor caminho, o mais curto, o mais barato, o mais prazeroso.

(Entrevista ao canal interno da Secretaria de Estado da Educação)




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