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DISCURSO DE RECEPÇÃO PELO ACADÊMICO PAULO BOMFIM
Acadêmico: José de Souza Martins
O Poeta Paulo Bomfim recepciona José de Souza Martins e comenta sobre o perfil multifacetado do novo acadêmico

Recebendo José de Souza Martins na Academia Paulista de Letras.

A cadeira hoje ocupada pelo professor José de Souza Martins é predestinadamente sua.

O número 22 registra dois gritos de independência consolidadores do destino da terra paulista.

O primeiro, às margens do Ipiranga, o outro, um século depois, no Teatro Municipal de São Paulo.

A convivência intelectual com a obra de seus antecessores resulta em fraternidade dos rumos que chamam para o Largo do Arouche.

A gloria de Guilherme de Almeida, eterno Príncipe dos Poetas Brasileiros, o amor do cearense Raimundo de Menezes pelos fastos de Piratininga, o encontro com a obra de Odilon Nogueira de Mattos, a voz do rio Paraíba nos escritos da folclorista Ruth Guimarães e o som da viola cabocla de Ignezita Barroso, todas essas vozes falam de perto ao novo acadêmico.

Nossa breve pesquisa de campo sobre sua trajetória intelectual pretende, nos limites do tempo, falar do paulista cidadão do mundo que abre as portas desta casa com a chave da poesia.

O perfil multifacetado do novo acadêmico é um leque de caminhos instigantes revelando a imagem de um ser generoso movido a curiosidade.

Sua erudição decantou-se em sabedoria.

Peregrino de várias áreas seus passos o levaram da vida de operário da Cerâmica São Caetano à Cambridge onde leciona brasilidade.

Irmana-se em simplicidade ao mestre Florestan Fernandes.

José de Souza Martins vê a vida com olhos de poeta, cérebro de sociólogo, espírito de historiador e inquietação de jornalista.

Tudo convergido para a paixão de lecionar.

O marco zero de nosso antigo amigo e novo acadêmico é São Paulo, comoção de sua vida.

De velhas igrejas envoltas em mantilhas de neblina, de ruas e taipas com sotaque nheengatu, da lendária Maria Antonia de sua mocidade e da poeira dos arquivos, parte o Mestre de Campo com a bandeira de seus ideais.

Passos andejos vão revelando a terra que se desvela a seu amante.

Vielas e aldeias são redescobertas, garimpos ressuscitam o ouro dos dias mortos.

Da barranca do Araguaia onde jaz sepulto o sonho de Germano Ribeiro da Silva à Serra dos Parecis povoada de memórias de Rondon e Roquete Pinto, do Goiás do Anhanguera e Cora Coralina ao Grão-Pará, o sertão e suas veredas foram palmilhados pelo acadêmico que reviveu roteiros bandeirantes sem gibão de couro e sem bacamarte, portando apenas as armas da máquina fotográfica e do caderno de notas.

O Brasil que percorre tem toques musicais de Villa Lobos.

Esta noite orgulho-me de saudar um homem sem vaidades.

Bem vindo meu caro professor José de Souza Martins.

Aporte a monção de sua vida no Porto Feliz da Academia Paulista de Letras.



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