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EQUAÇÃO EQUIVOCADA
Acadêmico: José Renato Nalini
O importante é taxar qualquer emissão, à luz do princípio do poluidor-pagador. O combustível fóssil precisa ser onerado de forma a se desincentivar seu uso.

Equação equivocada

Embora premida pela maior ameaça já verificada em sua história, a humanidade resiste a adotar providências que mitiguem os perigos e procrastinem a chegada do caos. Todos sabem que as emissões de gases do efeito-estufa são as responsáveis pelo agravamento da crise climática. A elevação da temperatura do planeta é contínua e vai quebrando recordes. As etapas vão sendo reavaliadas, o caos cada vez mais próximo.

Há remédios para o enfrentamento. Um deles é o uso do hidrogênio verde na aviação. Debate-se o custo desse projeto que se avalia em trezentos bilhões de euros, ou um trilhão e seiscentos e cinquenta bilhões de reais. É difícil até enxergar uma quantia com tantos zeros!

Mas, enquanto isso, usa-se querosene para manter a aviação no mundo inteiro, quando ele deveria ser taxado para obrigar a indústria a acelerar a transição energética. O combustível fóssil precisa ser taxado, de forma a desestimular o seu uso. Enquanto isso, o combustível limpo deve ser estimulado. Tanto com incentivos para a Universidade produzir similares não poluentes, como investir em táticas de fabricação do hidrogênio verde que o não tornem tão financeiramente proibitivo.

Não se insiste na existência de normatividade que disciplina essas condutas lesivas à preservação da vida, como o princípio poluidor-pagador. Quem mais polui, deve arcar com as consequências dessa prática.

Enquanto houver negligência, insensibilidade, descaso, o problema só continuará a se agravar. E os empresários da aviação civil têm resposta pronta quando se lhes cobra uma responsabilidade consequente. Dizem que os animais de estimação poluem igualmente ou mais, o que foi recentemente afirmado por um executivo da Luxaviation, sediada em Luxemburgo. Ele comparou a emissão de 2,1 toneladas de CO2 por ano de um jatinho, com aquela resultante de três cachorros. Baseou-se no livro de Mike Berners-Lee, um escritor inglês, chamado “Quão ruins são as bananas”. Nessa obra, diz-se que um gato doméstico emite 310 kg de carbono por ano, um cachorro emite 700 kg, o equivalente a um avião de luxo, embora de reduzidas dimensões.

O importante é taxar qualquer emissão, à luz do princípio do poluidor-pagador. O combustível fóssil precisa ser onerado de forma a se desincentivar seu uso. E talvez instituir uma taxa compensatória para os pets, tão poluidores quanto os jatos. O que não é possível é penalizar todas as pessoas, principalmente as que não viajam e não têm animais em casa.

Publicado no jornal Região Hoje
Em 21 06 2023



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