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CHINA: ANOS-LUZ À FRENTE
Acadêmico: José Renato Nalini
A esperança é a de que a juventude, ávida por novos contatos e por vislumbrar os benefícios de uma verdadeira aproximação com a China.

China: anos-luz à frente

O único país apto a adotar a tecnologia da Inteligência Artificial de maneira a extrair dela os melhores resultados é a China. Essa a opinião insuspeita do australiano Brett King, um respeitado futurólogo do setor financeiro global, que escreveu em 2010 o livro “Bank 2.0”, a mapear as tecnologias que mudaram os bancos na década subsequente e que agora publica “A ascensão do tecnossocialismo: como desigualdade, Inteligência Artificial e clima vão moldar um novo mundo”.

Sua visão é a de que os governos, queiram ou não, terão de se submeter ao comando cibernético das novas tecnologias. Elas estão acessíveis a todos os indivíduos. Aquilo que faltou em educação de qualidade, será de certa forma suprido pela facilidade com que as pessoas têm de se adaptar ao mais atual. As bugigangas eletrônicas criaram uma cidadania exigente. Quer qualidade, eficiência e rapidez. É o que Brett King chama de “tecnossocialismo”, instrumento propiciador de um domínio da economia por parte dos cidadãos.

Só que o único governo que experimenta os sucessos das tecnologias disponíveis é o da China. Embora acompanhada de perto por alguns outros países da Ásia, ela está muito mais adiantada. Os chineses têm a capacidade de olhar para o futuro, sem perder de vista o retrovisor. Daí o aproveitamento da sabedoria acumulada por milênios de consistente filosofia. Sabem viver e extrair da existência – curta e frágil – tudo o que há de melhor para satisfazer as necessidades humanas.

Assim é que a infraestrutura chinesa é mais do que modelar. Automatizou a nova rota da seda. Trabalha com desenvoltura com as moedas digitais. Impulsiona inúmeros usos para a Inteligência Artificial. Para eles, o reconhecimento facial em serviços públicos e também na iniciativa privada não é novidade. As impressões digitais são utilizadas no pagamento.

Com isso conseguiram propiciar uma educação de alta qualidade a quase todos os chineses e a redução da miséria e das desigualdades sociais não é discurso vazio, mas tangível realidade.

A regulamentação do uso de Inteligência Artificial na China é a mais avançada do planeta. Tanto que Inteligência Artificial é uma disciplina constante do currículo escolar em todos os níveis. Para os chineses, as economias mais bem sucedidas do século 21 serão economias autônomas.

E isso a China faz compatibilizando o desenvolvimento tecnológico e a preocupação ambiental. Ela percebeu, neste último verão, que a água pode escassear, que isso prejudica a colheita, assim como a produção de energia limpa.

Está na ordem do dia chinesa o boicote à produção agrícola provinda do desmatamento. Não é apenas a União Europeia que vai tornar mais severas as exigências de controle ecológico para que tudo o que resultar da agricultura brasileira passe não só por rígido controle de qualidade, mas também fiscalização de sua proveniência. Do ajuste do plantio e do tratamento, desde a semeadura, plantio, acompanhamento, colheita, embalagem e transporte, às mais exigentes quanto a requisitos ecológicos.

O Brasil precisa ficar de sobreaviso quanto a isso. Cultivar um relacionamento polido, amistoso e cordial com a China. Grande parceira e consumidora de nossas comodities. E se valer desses anos-luz à nossa frente, para importar o know-how para educar – estamos longe de uma educação de qualidade mínima para os brasileiros – e para reduzir as iníquas e vergonhosas desigualdades sociais.

O rompante de autoridades em exercício transitório pela administração pública pode causar embaraços a um relacionamento que se quer de crescimento mútuo e de vantagens recíprocas em todas as áreas. O mundo se tornou cada vez menor, unido pelas tecnologias e pelo avanço científico. Países como a China, com tradição longeva no cultivo da verdadeira sabedoria, são referências imprescindíveis a nações sempre consideradas novas, sem tradição no conhecimento, engatinhando na ciência e extremamente necessitadas de usufruir de experiências exitosas do estrangeiro.

A esperança é a de que a juventude, ávida por novos contatos e por vislumbrar os benefícios de uma verdadeira aproximação com a China, saiba se valer dos novos usos das tecnologias, se interesse por aquilo que os chineses fazem com sucesso e se abebere nessa fonte inesgotável de autêntica sabedoria. O Brasil só tem a ganhar com isso.

Publicado no Blog do Fausto Macedo/Opinião/Estadão
Em 02 10 2022



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