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AS BEM-AVENTURANÇAS
Acadêmico: Dom Fernando Antônio Figueiredo
Lc 6, 17.20-26 - As bem-aventuranças

Numa bela manhã de primavera, luzes mais luzes, na planície, o Mestre fala aos Doze e “à grande multidão de pessoas provindas da Judeia e de Jerusalém, do litoral de Tiro e Sidônia”. Soavam, ainda, aos ouvidos deles, as primeiras palavras do início de Sua missão: “Convertei-vos e crede no Evangelho”.

Ele lhes fala, com doçura e simplicidade, escrevendo na alma de cada um deles, para além da insipidez casuística, o sentido supremo da Lei: justiça e misericórdia, plenificadas nas Bem-aventuranças.
Arrebatado pelo desejo de abraçar a humanidade toda inteira, seu coração se expande ao anunciar o duplo amor: o amor a Deus e a proeminência do amor ao próximo, amor comprometedor, fruto da relação harmoniosa com Deus e das pessoas entre si. Dirá S. Gregório de Nissa: “Eis a vida pura e sem mistura das bem-aventuranças! ”.

Anúncio, denúncia. Jesus quer tornar presente o desígnio divino de unir toda a humanidade na forma do amor e da solidariedade, levantar caídos, animar desesperados, restaurar a vida dos pecadores. Mas, também, qual Profeta dos últimos tempos, protesta por ter o povo se afastado do Pai e da Aliança, abandonado a situação original de igualdade e de comunhão. Conclama todos à responsabilidade de valorizar a dignidade pessoal de cada pessoa, contra toda opressão, quer ideológica, quer social.
O amor não se esgota jamais. É fonte de vida, de paz, de felicidade; é a riqueza essencial, que permite viver o despojamento e a generosidade, a não se fechar sobre si mesmo, mas, num projeto de vida, abrir-se à perpétua interlocução com os outros e com Deus.

A voz sonora e forte do Senhor ressoa, calam-se as paixões desordenadas e os desejos de dominação e de poder. Eleva-se o insistente convite para que todos trilhem o caminho para a Terra Prometida, onde “a obra da justiça consistirá na tranquilidade e na segurança para sempre” (Is 32,15-17); porto seguro, onde os pobres e os tristes, os injustiçados e os perseguidos, tornam-se portadores das bênçãos divinas; caminho de salvação, mudança escatológica de um povo renovado, em que todos se sentirão cidadãos do Reino e, como filhos e filhas de Deus, estarão orientados para a unidade e comunhão de todos.

Concretiza-se o “não” radical de Deus contra todas as formas do mal, e é proclamada a garantia da vitória final. A partir de então, pela “Carta Magna”, Jesus declara que os bem-aventurados adquirem uma “identificação global” e, na liberdade profética, reconhecem irmãos todos os seres humanos. Em Cristo, reúne-se uma única humanidade futura, a verdadeira nova criação de Deus.
+Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM




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