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SAGRADO EGOÍSMO
Acadêmico: José Renato Nalini
Houve quem comparasse Trump a Jânio Quadros, que teria feito 100 anos em 25 de janeiro de 2017. Folclórico, inteligentíssimo, à falta de twitter usava os famosos bilhetinhos.

A “era das incertezas” precipitada pela eleição de Donald Trump está preocupando a lucidez, enquanto anestesia quem não pensa. Para estes, o mundo vai melhorar.
Um discurso que ignora o resto do mundo, concentra-se nos Estados Unidos e promete devolver emprego, fortalecer a economia e banir os que incomodam, é sedutor para quem sofreu os efeitos da globalização.
Há quem pressinta o risco de conflito mundial, se a promessa de não tomar conhecimento do que acontece no resto do planeta vier a ser cumprida. Todas aquelas nações ávidas de protagonismo e de hegemonia sobre suas áreas de influência haverão de testar esse alheamento do Grande Império do Norte. Poderão invadir territórios alheios, fazer uso de força, na certeza de que ninguém as tolherá.
Para os otimistas, isso é bom para o Brasil, que poderá se aproximar dos demais países em condições análogas e fazer bons negócios com a China, a Rússia, a Índia e mesmo com a Comunidade Europeia.
Houve quem comparasse Trump a Jânio Quadros, que teria feito 100 anos em 25 de janeiro de 2017. Folclórico, inteligentíssimo, à falta de twitter usava os famosos bilhetinhos. Não considerava partidos e só obedecia a seus instintos. Não chegou a uma gestação. Renunciou em agosto de 1961.
O discurso de posse do 45º Presidente norte¬-americano, o mais idoso e o mais rico, foi populista, xenófobo e protecionista. Lembra o argumento de Vitorio Emanuele Orlando, diplomata italiano, a justificar a pretensão da Itália de crescer territorialmente, quando do término da 2ª Guerra Mundial: o influxo de um “egoísmo sagrado”, natural em terra provida de verdadeiros patriotas.
Sem comparar e sem transplantar realidades diferentes, uma gota, um grama, outra qualquer minúscula quantidade desse “egoísmo sagrado” são extremamente necessários neste momento histórico. Talvez servisse a motivar os brasileiros a uma reação histórica: falta consciência, vontade e coragem para que todos assumamos nossas responsabilidades em relação a esta Pátria tão necessitada de carinho, cuidado e trabalho. Será que o orgulho ianque pela sua nova fase trará algum reforço ao nosso combalido patriotismo?




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