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UM MÊS PARA A COP 30
Acadêmico: Antonio Penteado Mendonça
Nos últimos 10 anos, prejuízos decorrentes dos eventos de origem climática somaram R$ 450 bilhões no Brasil, e 95 não tinha seguros nem qualquer outra forma de proteção

Um mês para a COP 30

Falta um mês para a COP 30. É a primeira vez que um evento dessa natureza acontece numa cidade amazônica, portanto sem infraestrutura comparável com as das cidades que receberam o evento anteriormente. Belém não tem nada parecido com as instalações de uma Capital como Cairo ou Baku, onde as duas últimas COP’s aconteceram.

O Presidente da República tem feito discursos onde insiste que a realização da COP em Belém é uma conquista brasileira, porque poderá mostrar ao resto do mundo a realidade da Amazônia, uma região que habita o imaginário de todos, mas que é muito pouco conhecida. Boa parte dos europeus, por exemplo, imagina a região como um grande Hyde Park, ou um super Bois de Boulogne. Eles não têm a menor ideia do que irão encontrar, seja em florestas, seja em rios. A região é diferente do resto do mundo, incluídas as florestas asiáticas.

O problema é que o fato da região ser única não faz da falta de conforto que milhares de participantes experimentarão uma experiência agradável. Além disso, os preços cobrados seguem nas alturas, muito acima do minimamente razoável, o que deve espantar um número significativo de participantes potenciais.

Mas há mais: o que será votado pode estar antecipadamente comprometido pela ausência ou abstenção de países fundamentais para a implementação das medidas concretas para a redução das mudanças climáticas e seus efeitos sobre a humanidade.

Quem está em risco não é o planeta, é o ser humano. Para o planeta as mudanças em curso são algo perfeitamente normal e suportável, todavia, para nós elas podem ser fatais. Quem vai pagar a conta não é o planeta Terra, mas o “animal humano”.

Para dar uma noção do tamanho do que estamos falando, em 2024 os eventos de origem climática causaram prejuízos globais de 350 bilhões de dólares. Em 2023 este número foi de 270 bilhões de dólares. Quer dizer, em um ano houve um aumento dos prejuízos na casa de 70 bilhões de dólares. E pelo andar da carruagem, a tendência é o número seguir subindo, castigando riscos e pobres com eventos primários e secundários devastadores.

A diferença é que os países ricos são os que têm mais seguros, então, parte de seus prejuízos são suportados pelas seguradoras, enquanto nos países do “Sul Global”, grande parte das perdas fica a cargo dos governos, ou seja, das populações atingidas.

Um bom exemplo é o Brasil. Nos últimos 10 anos os prejuízos decorrentes dos eventos de origem climática somaram 450 bilhões de reais. 95 não tinha seguros nem qualquer outra forma de proteção. A conta ficou com o governo, que nunca repôs o total das perdas e com a população que foi diretamente atingida e que, em alguns casos, não teve sequer uma isenção temporária da cobrança de impostos para poder se reerguer.

Estes cenários mostram a importância da COP 30 para as populações ao redor do planeta. Ao contrário das anteriores, ela deve ser a primeira conferência para a implementação das ações a serem desenvolvidas. Daqui para frente é hora de ação. É aí que o seguro tem um papel primordial. O setor e seus produtos são parte da solução do problema.

Publicado no jornal O Estado de S. Paulo/Opinião, em 13 10 2025





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