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OS DIZERES BONITOS DE UM POVO BOM
Acadêmico: Gabriel Chalita
A lembrança da chegada de Jesus em Jerusalém marca o início da Semana Santa. Uma semana de fé e de ensinamentos.

Os dizeres bonitos de um povo bom

Foi há muito tempo. Um homem e um povo. Um homem, uma cidade em festa e um povo.

O povo parou a cidade para receber o homem. O povo sorriu e chorou a emoção de ver o homem tão bom entrando na cidade. O povo bom sabia que o homem era um pregador do amor. Que dizia o amor. Que vivia o amor.

O povo bom sabia das histórias do homem bom que não julgava, que não atirava pedras, que não discriminava, que acolhia.

O povo bom sabia que o bom homem contava histórias que acalmavam a humanidade. E que fazia milagres. O povo bom compreendia, nos cotidianos do existir, os milagres.

O que houve, então? O povo bom deixou de ser bom? Depois da festa da chegada, a dolorosa partida.

O povo bom acreditou nos dizeres sem amor, nas tramas contra o homem bom. De ouvido em ouvido, a mentira entrou na alma do povo bom. E anestesiou a bondade. E os que gritavam "viva", "seja bem-vindo", "hosana ao filho de Davi", "a casa é sua", "nós te amamos", fecharam a casa e desacreditaram o amor. E o povo que deixou de ser bom, então, gritou "crucifica-o", "crucifica-o". Tudo isso foi há muito tempo.

Infelizmente, o tempo não deu conta de ensinar ao povo de hoje que não há felicidade sem bondade. Os gritos de "crucifica-o" prosseguem. Os gritos prosseguem. Em outras palavras, em ameaças contra a vida, em mentiras de ouvido em ouvido, de olhos em olhos, de bocas em bocas, transformando alegrias em calvários.

A lembrança da chegada de Jesus em Jerusalém marca o início da Semana Santa. Uma semana de fé e de ensinamentos. Uma semana de rememorar o que houve, há mais de dois mil anos, e o que houve ontem ou antes de ontem ou em outros dias em que autorizamos que falsos poderes nos roubem o humano verbo do acolher.

E o verbo se fez carne e habitou entre nós.
Habitou para que não desabitássemos ninguém. Para que todos fossem um. Sem arrogâncias nem perversidades.

O povo bom estava alegre, enquanto gritava "seja bem-vindo". O povo, com a bondade anestesiada, estava raivoso, quando gritava "crucifica-o". O povo de hoje desconhece a alegria, quando desconhece que a alegria da vida está em plantar alegrias para alimentar o povo todo. Alegria se planta não gritando. Alegria se planta não desrespeitando o outro. Alegria se planta olhando dentro e, se necessário, acordando a bondade. Que desperdício o adormecer da bondade.

Foi há muito tempo.Um homem e um povo.

O tempo de hoje nos convida a olhar para esse homem e reaprender com ele o sentido do existir. E, com ele, voltar a sorrir o sorriso dos que se sabem de passagem no tempo da existência. Dos que se sabem responsáveis por fazer desse tempo da existência um tempo de amor.

Em tempos de amor, os dizeres são bonitos e também os abraços e, também, o caminhar festivo, mãos dadas com a consciência de que ninguém é melhor do que ninguém.

Em tempos de amor, é mais fácil lembrar o ensinamento do homem, do filho de Deus que, mesmo ouvindo os gritos de horror, não desistiu da humanidade. E que, não desistindo da humanidade, demitiu a morte.

Ainda na cruz, teve tempo de dizer o perdão e a compreensão pelas incompreensões dos que se deixaram morrer em vida ao imaginar que tinham o poder de matar o amor.

Publicado em O Dia, em 13 04 2025



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