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GESTÃO POUCO INTELIGENTE
Acadêmico: José Renato Nalini
Falta muito para uma gestão realmente inteligente dos quase seis mil municípios brasileiros.

Gestão pouco inteligente

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de resíduos sólidos. Nome pomposo que arranjamos para chamar o "lixo". Igualmente, é um dos países mais desiguais, mais violentos, que mais encarcera e dos mais atrasados em educação de qualidade. Está explicada a ocupação de lixo que toma todas as cidades, todas as ruas, todos os espaços.

Verdade que há alguns "guetos", chamados condomínios, em que a presença de servidores que lembram a escravidão comprova que são obrigados a limpar toda a sujeira. Mas caminhe-se um quilômetro dentro das muralhas que protegem os incluídos dos excluídos. E você encontrará toda espécie de imundície.

Mais da metade da população brasileira está privada de esgoto sanitário. Acrescente-se a isso, a gestão de resíduos, o saneamento líquido, de água e esgoto e o Brasil está no século XIII, comparado com a Europa. Quem diz isso é Carlo Pereira, CEO do capítulo brasileiro do Pacto Global, criado pela ONU. É a tentativa de concretização da Agenda 2030 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - ODS. Brasileiro não está acostumado a aceitar metas e compromissos com temas que ele negligencia, mais por ignorância do que por resistência fundamentada. É o que ocorre com a mudança climática, a observância dos direitos humanos, água, anticorrupção e saúde mental.

O Pacto é um braço da ONU para o setor privado. Percebeu-se que o empresariado internacional, ao chegar em terra de bugre, age como se não tivesse ética, não firmasse compromissos e ignorasse o caminho perigoso que a humanidade tomou: destruir os recursos naturais e abreviar a experiência da vida neste pequeno e desprezado planeta.

O Pacto Global é uma contribuição da ONU e da OCDE, (que o Brasil namora, mas encontra sólida repulsa, diante dos descalabros perpetrados contra a flora), um compromisso fundamentado em valores universais, para que as empresas se comprometam a mudar suas práticas.

São dez princípios os do Pacto Global, divididos em temas como direitos humanos, trabalho, questões ambientais, anticorrupção. Cada empresa se compromete a divulgar anualmente um relatório com seu progresso nesses dez princípios.

Foi desse pacto que resultou a disseminação da ideia ESG, tratamento simultâneo e harmônico do meio ambiente, redução das desigualdades sociais e governança corporativa que, transplantada para o poder público, significa gestão inteligente.

Este ano avançou-se para uma plataforma na internet. Qualquer pessoa conseguirá acompanhar a empresa e verificar como ela se comportou em relação a cada um dos temas.

Nada impede que os municípios se espelhem nas propostas dos pactos e elaborem um pacto local. Unindo empresas, escolas, clubes, igrejas, organizações do Terceiro setor e a própria sociedade civil, por suas lideranças e voluntariado. Se cada cidade brasileira cuidar de evitar desmatamento e ao contrário, fazer com que cada espaço de terra ocioso receba árvores nativas, a contribuição será muito grande para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

Também é preciso acabar com os "lixões", os "desmanches", os depósitos de objetos que já não servem. Países ricos levam a sério a logística reversa. Quem produz um objeto deve se responsabilizar por sua vida útil e cuidar de reaproveita-lo, em lugar de jogá-lo em rios, rua, matagais e na própria rua.

Falta muito para uma gestão realmente inteligente dos quase seis mil municípios brasileiros. Os maiores e que têm bons índices, têm obrigação de atuar nessa área, até para servir de exemplo para os menores e menos providos de capacidades e de luzes.

Publicado no Jornal de Jundiaí, em 21 09 2023



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