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DEZ BOAS NOVAS
Acadêmico: José Renato Nalini
Após anos de antipolítica ambiental, o Brasil volta à cena mundial com perspectivas promissoras.

Dez boas novas

Todos estamos bem cansados com a divulgação de tragédias. Estas se sucedem e se multiplicam qual metástase. Não podemos nos esquivar da verdade e o certo é que o mundo não se encontra em sua melhor fase. Mas é preciso também olhar para sinais de esperança. Estes existem. Podem nos ajudar a confiar no amanhã. Desde que também façamos a nossa parte.

Como o maior perigo que ronda a humanidade é o aquecimento global, urge concedamos ao tema a importância devida. Após anos de antipolítica ambiental, o Brasil volta à cena mundial com perspectivas promissoras. Afinal, já fomos considerados o maior potencial verde do planeta, antecipamo-nos ao conceito de sustentabilidade, produzimos uma Constituição Ecológica, fomos considerados solução para o mundo exaurido em seus recursos.

O pronunciamento do Presidente na COP-27 fez com que os demais países voltassem novamente os olhos para o Brasil. Existe consenso, entre os países efetivamente civilizados, de que não é possível perder mais tempo. A dificuldade na aferição com a possível certeza, do que se faz em cada país para combater as mudanças climáticas, gerou uma plataforma digital capaz de fornecer informações confiáveis sobre financiamento, políticas públicas e governanças. Ferramenta desenvolvida pela Intosai, que o Brasil vai presidir a partir de novembro. A Intosai, entidade que congrega órgãos de controle de diversos países e do qual faz parte o TCU, é muito importante para o real conhecimento da situação climática do planeta. Presidi-la é um passo importante para readquirir a liderança e o respeito no ambiente da sustentabilidade.

Com o Presidente Joe Biden e com a chanceler francesa Catherine Colonna, o chefe do Executivo do Brasil dialogou sobre a Amazônia, o nosso nome no exterior. Para o jornalista João Gabriel de Lima, é importante que Marina Silva seja protagonista essencial dos projetos verdes tupiniquins, pois ela é tão importante quanto Fernando Haddad, Ministro da Fazenda. Este cuida da economia do presente. Ela, da economia do futuro.

O novo plano de combate ao desmatamento da Amazônia - PPCDAm focou a abertura de empregos como algo fundamental. Tem de cessar o domínio da delinquência mais do que organizada, que dominou todo o mercado de trabalho da região. O desmantelamento da sociedade criminosa que explora o garimpo em território indígena, áreas demarcadas e terras públicas está em curso. Urgente que seja uma política permanente para a região.

A economista Ana Toni é a Secretária Nacional de Mudanças do Clima. Tem experiência no recrutamento de acadêmicos, ambientalistas, líderes indígenas e empresários do agronegócio no Brasil Action Hub, pavilhão da sociedade civil instalado nas últimas Conferências do Clima, as COPs 25, 26 e 27. Ricardo Galvão é o novo Presidente do CNPQ. Rodrigo Agostinho é o novo Presidente do IBAMA e Edel Moraes comandará a Secretaria dos Povos Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável.

A USP oferecerá um curso de pós-doutorado em Sustentabilidade, o Projeto Recicla, desenvolvido por engenheiros da Escola Politécnica da USP será capaz de impulsionar a reciclagem, mediante inclusão na nota fiscal eletrônica do material e peso da embalagem.

Se você leu esta reflexão desde o início, terá verificado que são dez boas notícias, no mar de calamidades recentemente divulgada por todas as mídias e redes sociais. Mas há muito mais. Você não conhece organizações não governamentais, entidades do Terceiro Setor, que se empenham no reflorestamento? Não conhece heróis anônimos que se encarregam de plantar em áreas públicas, em espaços ociosos, em terrenos baldios, aquilo que o governo deixou de fazer? Quantos episódios edificantes podem ser invocados para mostrar que ainda há esperança para um pequeno planeta azul, frágil e integrante de uma galáxia que não é a mais importante dentre as milhares que existem no cosmos, cujos habitantes não parecem todos imbuídos de sensatez.

A relação das boas notícias pode ser aumentada com aquilo que cada um de nós puder fazer pela natureza. Dela dependemos. Somos parte dela. Inconcebível tenhamos escolhido o suicídio como ato final da experiência dos humanos sobre a Terra. Que esta despretensiosa menção a algumas boas novas nos inspire a uma adesão consciente à causa ecológica. As futuras gerações, pelas quais somos responsáveis, têm direito a encontrar ambiente sadio e propício ao desenvolvimento de todas as potencialidades de que a espécie racional foi naturalmente provida.

Publicado no Blog do Fausto Macedo/Estadão
Em 06 03 2023



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