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O PROBLEMA É SEU TAMBÉM
Acadêmico: José Renato Nalini
Se não houver uma generalizada conversão de todas as pessoas, a Terra continuará a sofrer

O problema é seu também

Diante da gravidade do aquecimento global, a tendência natural de cada indivíduo é se considerar impotente. O que posso fazer, diante da dimensão do problema? Isso é coisa para o governo. Não tenho condições de ajudar.

Não é verdade. A cidadania tem uma responsabilidade imensa, exatamente quando o governo, instituição paga pelo povo para defendê-lo, se mostra incapaz de reagir.

Toda cidade tem vulnerabilidades. O nosso relevo é acidentado e a ocupação indiscriminada do solo faz com que os mais pobres, justamente eles, se instalem sobre as encostas.

As tempestades serão cada vez mais fortes, em virtude da mudança climática. Aquilo que já deslizou deslizará ainda mais e mais fortemente. O que nunca deslizou também sofrerá erosão. A insegurança cresce de maneira avassaladora.

Todo município tem de ter um plano de contingência. Que assuma a responsabilidade de evacuar áreas vedadas à edificação. Começar aos poucos e sem parar. Não esperar as chuvas de verão, torrenciais e assassinas.

Devolver à terra o espaço que dela se furtou, para servir ao automóvel. Mais asfalto e menos árvore, mais desgraça.

Há um déficit imenso de cobertura vegetal em todo o Brasil. Não há cidade que possa se considerar segura. Mesmo porque, o fenômeno climático é daqueles que não respeita limites ou fronteiras. Tudo está a perigo. Começar com a infância, mais sensível e capaz de compreender que a natureza está viva e merece respeito. Fazer com que cada criança se interesse por plantar árvores e por cuidar delas.

Um projeto tão bonito e recente foi o plantio de uma árvore a cada criança que nascesse. E, para cultivar a memória dos que se foram, uma árvore para cada vida que volta ao etéreo, deixando esta peregrinação terrestre.

Se não houver uma generalizada conversão de todas as pessoas, a Terra continuará a sofrer e, nesse processo, mostrará à arrogante criatura que se considera racional, o que acontece quando não se respeita essa corrente vital em que, rompido um elo, há o desfazimento da coesão e o caos e a morte são a consequência inevitável.

Publicando no jornal Região Hoje
Em 14 03 2022



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