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VIRAMOS AVESTRUZES HUMANOS?
Acadêmico: José Renato Nalini
"Olhar constantemente para o dispositivo móvel tem um lado social e um fisiológico, diz Adam Popescu, do NYT. A cabeça humana média pesa entre 4,5 kg e 5,5 kg e, ao curvar nosso pescoço para escrever uma mensagem de texto ou olhar o Facebook, a atração gravitacional sobre a cabeça e a tensão no pescoço crescem até o equivalente a 27 quilos de pressão. É uma postura que resulta em perda gradual da curva espinhal."

Seus amigos gostam mais de você ou do celular? Essa é uma pergunta que pouca gente faz, mas deveria fazer. Quando estiver com alguém, tente medir quanto tempo demora até que essa pessoa deixe de prestar atenção em você para verificar se chegou alguma mensagem no celular.

Olhar constantemente para o dispositivo móvel tem um lado social e um fisiológico, diz Adam Popescu, do NYT. A cabeça humana média pesa entre 4,5 kg e 5,5 kg e, ao curvar nosso pescoço para escrever uma mensagem de texto ou olhar o Facebook, a atração gravitacional sobre a cabeça e a tensão no pescoço crescem até o equivalente a 27 quilos de pressão. É uma postura que resulta em perda gradual da curva espinhal.

A postura afeta o humor, o comportamento e a memória. Ficar permanentemente encurvado causa depressão. Afeta até mesmo a quantidade de oxigênio que nossos pulmões absorvem.

75% dos americanos acreditam que o uso de smartphones não interfere com a capacidade de prestar atenção. Um terço acredita que usar celulares em situações sociais ajuda a conversação. Mas será que ajuda de fato? Especialistas em etiqueta e cientistas sociais dizem que não.

O comportamento “sempre conectado” afasta da realidade. Além das consequências para a saúde, nossos bons modos também encolhem. Não é educado deixar de prestar atenção na conversa para “conversar” com o mobile.

Isso eu já notara em relação ao telefone. Esse intruso que interrompe o diálogo pessoal para fazer com que nos dediquemos a ele, que está à distância. Mas tudo piorou com os celulares. Eles se incorporaram à nossa rotina. Adultos ficam vidrados e ensinam as crianças por osmose. Estas também acabam viciadas. Os aparelhos móveis são a mãe da cegueira por desatenção, diz Henry Alford, que escreveu “Would it Kill You to Stop Doing That: A Modern Guide to Manners”. É esse o nome que se dá ao estado de esquecimento maníaco que toma conta de alguém que se deixa absorver por uma atividade que exclua tudo mais. A cientista soc ial Sherry Turkle analisou 30 anos de interações familiares em seu livro “Alone Together: Why We Expect More From Technology and Less From Each Other” e constatou que as crianças hoje competem pela atenção dos pais com os aparelhos eletrônicos, o que resulta em uma geração que teme a espontaneidade de um telefonema ou a interação face a face.

“Olhos nos olhos”, hoje, é uma opção. Não é mais a regra da franqueza, sinceridade e verdade nos diálogos. Com isso, os níveis de empatia despencam e o narcisismo escapa ao controle. Há impacto sobre o desenvolvimento emocional, a saúde e a confiança, sempre que abaixamos nossas cabeças como se fôssemos avestruzes humanos.

Não é possível jogar fora o celular. Mas reconhecer o estado de dependência é um bom começo.

A resposta mais simples está na Bíblia: trate os outros como gostaria de ser tratado. De preferência, sem o smartphone frente aos olhos o tempo todo. Tente não ser o primeiro, no grupo, a olhar o celular. Há vida fora da bugiganga eletrônica.



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