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AMAZÔNIA À BEIRA DO ABISMO
Acadêmico: José Renato Nalini
"Durante muito tempo a questão ambiental foi considerada catastrofismo, fundamentalismo de eco-idiotas ou modismo. Só que as mudanças climáticas estão aí, amiúdam-se e mostram que o ambiente está enfermo. Gravemente enfermo."

A maior reserva florestal do continente e uma das últimas do planeta está prestes a desaparecer. Quem afirma é o climatologista Carlos Nobre, que integra a Academia Brasileira de Ciências, e o biólogo Thomas Lovejoy, da Universidade George Mason, da Virginia (EUA).
Eles alertam que se o Brasil não acordar e evitar que o desmatamento supere 20% da área original, a probabilidade a Amazônia deixar de ser floresta é mais do que uma ameaça: é uma certeza.
Ocorre que a insensatez é a característica humana mais evidente em nossos tempos. A insensibilidade, o egoísmo, a busca incansável do lucro, a desconsideração por aquilo que não criamos, mas que sabemos destruir de forma célere, tudo contribui para que o perigo cresça a cada dia.
O mundo científico, o mais habilitado a convencer a política nefasta, o consumismo cruel e a ignorância crescente, nem sempre se posiciona em favor da natureza. Durante muito tempo a questão ambiental foi considerada catastrofismo, fundamentalismo de eco-idiotas ou modismo. Só que as mudanças climáticas estão aí, amiúdam-se e mostram que o ambiente está enfermo. Gravemente enfermo.
O momento é o de uma conjunção de valores destrutivos. O mais óbvio e criminoso é o desmatamento. Aproxima-se dos 20%, pois já ultrapassou os 17%. A destruição da floresta e as queimadas tornam a cobertura vegetal mais vulnerável durante períodos de seca. A luz solar penetra com facilidade maior, acelerando o acúmulo de matéria vegetal inflamável. É registrada pelos meteorologistas a sequência de maiores períodos de seca. Os cientistas confirmam três episódios fora da curva em 2005, 2010 e 2015.
Pode colaborar com isso um aquecimento anormal das águas do Atlântico. Isso interfere no regime de chuvas. Tudo tem impacto péssimo para a disponibilidade de água em boa parte da América do Sul. A Amazônia, intocada, seria capaz de reciclar seus próprios recursos hídricos, por meio dos processos de evaporação e transpiração das árvores e pelas moléculas orgânicas por elas produzidas. Isso é que ocasiona a condensação das nuvens de chuva.
Ninguém parece levar a sério a advertência dos estudiosos. Ali a queda já começou. Será diferente nos microssistemas como a Serra do Japy?

José Renato Nalini* Secretário da Educação do Estado de São Paulo e docente da Uninove




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